O que achei de Ruptura? - Admirável Inconstância

O que achei de Ruptura?

Publicado em 11/07/2022

Foto: Apple


Imagina se você pudesse viver em um mundo onde no seu trabalho você simplesmente esquece da sua vida externa e vice-versa. Ou seja, no cotidiano, você não fala de como foi a rotina do trabalho, porque você simplesmente não lembra. Ademais, há outro fator decisivo: você se voluntariou para ter essa rotina.

E neste breve resumo, eu inicio mais um post do blog Admirável Inconstância. Hoje, eu vim falar de Ruptura e as minhas impressões sobre a série. Aliás, essa que considero a melhor produção de 2022. E eu sei, ainda estamos na metade do ano, mas duvido que alguma outra série me impacte tanto.

Sendo assim, começamos do início né? Resumidamente, Ruptura é uma série da AppleTV+, de criação de Dan Erickson. Na maior parte dos episódios, a direção fica sob responsabilidade do ator Ben Stiller. Já adianto, que a habilidade do cara por trás das câmeras é fenomenal. Seguindo, essa é a sinopse oficial de Ruptura:

“Mark lidera uma equipe de funcionários de escritório cujas memórias foram divididas cirurgicamente entre a vida no trabalho e a vida pessoal. Quando um colega de trabalho misterioso aparece fora do escritório, ele começa uma jornada para descobrir a verdade sobre seu trabalho.” O elenco é composto por:
 
Adam Scott (Mark); 
Patricia Arquette (Harmony Cobel); 
John Turturro (Irving); 
Britt Lower (Helly); 
Zach Cherry (Dylan); Dichen Lachman (Ms. Casey); 
Jen Tullock (Devon); 
Tramell Tillman (Sr. Milchick); 
Michael Chernus (Ricken Wale); 
Christopher Walken (Burt Goodman).

E agora que você sabe o elenco, vamos para as minhas impressões dessa 1ª temporada e mais outras informações. Devo dizer que terão alguns spoilers ao longo do texto, porque é inevitável, pra mim, falar da série sem citá-los.

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Minhas impressões de Ruptura

Bom, vamos lá, como disse no início do texto, é a melhor produção do ano de 2022. E eu sei que o ano ainda está longe do fim, mas confia. Seguindo, se eu pudesse encaixar em um gênero, Ruptura faz parte de suspense e ficção científica. Como explicado, a série tem um pretexto que provavelmente você já ouviu em algum lugar, ainda mais se você está empregado: “Nossa, como seria interessante poder separar a minha vida profissional da minha vida pessoal”.

Isto é, como se no seu cérebro, você tivesse duas gavetas que não se cruzam. O que ocorre na sua vida profissional não tem influência nenhuma na sua vida pessoal. Por exemplo, você chorou até dormir enquanto estava na cama, por conta de estresse ou qualquer outro tipo de emoção. Na hora que você chega ao trabalho, você simplesmente não lembra o motivo do seu choro e estranha o fato da sua cara estar inchada.

Então, o argumento de Ruptura parte deste conceito. O que na teoria parece ser interessante e até atrativo, na prática a resposta pode não ser tão agradável assim. Decidi então para não ficar cansativo, dividir minhas impressões em tópicos dos pontos que mais se destacaram na minha opinião.

Sobre o processo cirúrgico da Ruptura e três perspectivas diferentes


Durante os 9 episódios, nós vemos, pelo menos, três visões do que a Ruptura significa. Uma pelo protagonista Mark, a segunda pela recém-chegada Helly R., e por último, pelo personagem Petey. No entanto, como assim três visões? Como dito, o processo é completamente cirúrgico, e também, voluntário. Assim como no caso dos três. Entretanto, a perspectiva de cada um é bastante diferente, na minha opinião.

No caso do Mark, ele representa, em um primeiro momento, a visão mais otimista e romantizada do que é o processo. Buscando fugir emocionalmente da tragédia que o abateu, a morte da sua esposa, ele se voluntaria para ser “rupturado”. Portanto, simplesmente aceita o processo. Não se questiona sobre o que ocorre durante o trabalho, e para ele está tudo ótimo.

Enquanto o Petey, melhor amigo de Mark, que no início da série, aparentemente, se demitiu. Mas ao longo da trama, vemos que a história não é bem assim. Ele indica o lado da Ruptura de alguém que tentou rompê-la e todas as suas consequências. Já adianto que são devastadoras.

Por fim, a Helly, a novata do departamento de Refinamento de Microdados é o lado completamente rebelde de um rupturado. O seu eu interno não se conforma com a rotina da empresa. No entanto, o seu eu externo vê o trabalho de uma forma completamente diferente. Aliás, por todas as decisões que a interna toma, ela é a personagem que movimenta a trama.

Os personagens e o cenário


Certamente, algo que se destaca profundamente em Ruptura é o cenário. Até porque ele é um personagem por si só. Com a cor predominante em branco, a paleta dos cenários é Ruptura é completamente fria. Ou seja, as cores azul e verde dominam, em tons mais escuros e sóbrios. Cor de ambiente corporativo.

Além disso, ele literalmente é uma imitação do que é, de fato, um prédio de repartição pública. A impressão que tive era de um labirinto branco, extremamente fácil de se perder. E para contribuir mais nessa sensação de terror, é justo dizer que ao olhar aqueles inúmeros corredores, há uma sensação de claustrofobia.

Agora, falando de outros personagens, aqui, resolvi dar destaque para os vilões, o sr. Milchick e a sra. Cobel. Em resumo, eles são o cão de guarda e a chefe do departamento, respectivamente. A sra. Cobel, interpretada brilhantemente pela Patricia Arquette, é completamente fria, e faz questão de mostrar isso a todo o momento. Ela é indiferente, só quer agradar a seus patrões. Todas as expressões parecem calculadas, inclusive é difícil extrair alguma emoção, a não ser indiferença.

Por outro lado, o sr. Milchick, interpretado por Tramel Tillman, é assustador. O sorriso dele nunca chega aos olhos. A impressão que me dá, é de um homem que se você fizer alguma atitude errada, ele está pronto para explodir. Além disso, ele parece ser o empregado que realiza qualquer coisa pela empresa. Ele é o que mais tem contato com os funcionários, então ele funciona como um cão-de-guarda/babá dos setores apresentados na série. Milchick é o homem que tenta manter o ambiente em ordem. Ao mesmo tempo que é assustador, ele é fascinante por ser tão misterioso.

Em relação aos outros personagens, o quarteto do Refinamento de Macrodados, ou seja, os citados Mark e Helly, assim como Dylan e Irving têm uma química perfeita. O Irving, interpretado pelo John Turturro, é o famoso “veste a camisa” da empresa, extremamente dedicado e deseja que os outros funcionários também sejam. Enquanto, o Dylan é o conhecido “cara da zoeira”, ele é o que fala palavrão e é ansioso pelas festas.

Vale a pena assistir à série?


Então, acredito que valha a pena sim. Como disse anteriormente, essa é a melhor produção deste ano e eu duvido que alguma consiga ser melhor. Os personagens são ótimos, mas o roteiro, definitivamente é o ponto alto de Ruptura.

A mistura de suspense e sci-fi é muito bem realizada, e mesmo deixando pontas soltas para a próxima temporada — que já foi confirmada, aliás — essa é uma das melhores primeiras temporadas que vi na minha vida. Não é brincadeira. Sei que não é recomendável assisti-la em formato de maratona, mas a adrenalina nos últimos episódios eram tão grandes que eu e o meu noivo, simplesmente assistimos os três últimos de uma vez só.

Definitivamente, Ruptura é uma série que indico para quem gosta de séries com mistérios e com toques de teoria da conspiração. É um grande acerto da Apple TV, pena que o marketing da série se sustenta ainda pelo boca a boca. Espero que no próximo ano a série tenha mais publicidade, porque ela merece e muito.

E você já viu Ruptura? Se sim, o que achou? Se não, veja o mais rápido possível. 

4 comentários:

  1. Ruptura é sensacional! Soube muito bem trabalhar todos os aspectos. Tem bom roteiro, bom diretor, boa fotografia, figurino e tantos outros quesitos. Também acho que é a melhor série do ano até o momento.
    Seu texto soube explicar muito bem sobre a série, os personagens e o principal, a trama. Parabéns pelo texto. Trouxe uma opinião muito boa e interessante. Você é incrível! E eu só digo uma coisa, QUE VENHA A SEGUNDA TEMPORADA!

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    1. Owwwn, obrigada amor. Fico feliz que você assistiu a série comigo e que você gostou do meu texto. Amo você.

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  2. Nunca tinha ouvido falar, mas vc soube explicar cada detalhe da série com o cuidado de não mencionar spoilers que revelariam toda a história. Não sei ao certo o porquê, mas me passou uma vibe Matrix! Hahhaha

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    1. Hahaha sim, tem uma vibe Show de Truman também. O problema da Apple é o marketing completamente cagado, eu só soube por alguns canais do YouTube. Obrigada pelo comentário.

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